INTRODUÇÃO
As praças públicas fazem parte da paisagem de uma cidade, tendo
fundamental importância social e política desde a época da Grécia Antiga, além
de ser um espaço de encontro e de diversão, representa a identidade daquele
povo, geralmente é palco de acontecimentos históricos na História dos
municípios ou de manifestações culturais, feitas conforme os estilos
arquitetônicos e artísticos de sua época de construção.
Nesse sentido, havendo inúmeras definições tanto no sentido
arquitetônico ou geográfico, uma praça, segundo Pinto Silva (2003, p. 26) pode
ser entendido como um “espaço público aberto, construído ou adaptado a um vazio
urbano, ou até mesmo aberto no meio do espaço urbano, e que se tem seu uso
definido [...]”.
Em âmbito nacional, mais especificamente no estado de Santa
Catarina, existem inúmeras praças que são consideradas de grande valor
histórico e cultural, algumas inclusive sendo tombadas graças a sua importância
tanto no âmbito regional, estadual ou federal, dependendo de sua importância
diante da comunidade em que ela está inserida.
Mesmo sendo lugares considerados cartões postais dentro das cidades,
infelizmente existem casos em que as praças públicas são completamente
abandonadas pelo poder público, ocasionado depredações, roubos de obras de
arte, pichações, invasão de criminosos e usuários de drogas, fazendo que as
pessoas se afastem de frequentar esses espaços, havendo a necessidade de
policiamento constantemente.
Apesar dos problemas sociais que assolam esses lugares, as praças
precisam ser bem cuidadas tanto pelo poder público como pelos próprios
frequentadores, deve ser pensado como ponto de encontro de pessoas, como lugar
de lazer, de práticas de esportivas ou culturais e principalmente, um lugar de
lembranças, sendo necessária restauração daquele ambiente e formas eficientes
que tornem esses espaços atrativos e formem a identidade do lugar onde ela está
localizada.
Compreendendo a praça como um patrimônio cultural, espaço de
memória e de cultura dentro das cidades, o presente trabalho vem fazer um
estudo de caso sobre a Praça Frei Raimundo Simonetto, localizada no município
de Santa Rosa do Sul, que fica no extremo sul catarinense, a qual é palco de
acontecimentos importantes, de estórias inesquecíveis e da cultura sul
santarosense.
Sendo um lugar que traz
nostalgia aos moradores mais antigos e ponto de encontro aos mais jovens, esse
artigo tem como objetivo principal patrimonializar esse espaço, descrevendo ela
geograficamente através de mapa, planta e de observação visual, apresentando de
forma breve a trajetória do personagem que dá nome ao lugar, relembrar fatos
marcantes e destacar as manifestações culturais que acontecem nos dias de hoje
na praça, além de fazer uma análise sobre a situação atual daquele espaço e
porque esse patrimônio merece ser preservado.
Usando principalmente de uma pesquisa bibliográfica, como livros e
artigos de jornal, esse trabalho também utiliza da História oral, sendo
entrevistado um morador de Santa Rosa do Sul, morador do centro, que vivenciou
alguns momentos importantes dos últimos trinta anos do munícipio, o qual
autorizou o uso de suas falas nesse trabalho em áudio, e também trechos de
entrevistas concedidas por moradores do município ao padre João Lenoir
Dall’Alba e Rolando Christian
Sant’Helena Coelho, relembrando como era
a praça antigamente ou de estórias o qual aquele espaço foi palco principal, dando
ênfase a memória dos moradores desse munícipio, os quais são protagonista dos
acontecimentos ocorridos na Praça Frei Raimundo Simonetto, também conhecida
como a Praça da Igreja ou simplesmente por Praça, considerado o coração
histórico, religioso, político, e cultural do munícipio de Santa Rosa do Sul,
além de ser uma homenagem ao povo alegre e trabalhador dessa terra, além de uma
homenagem aos antepassados, que segundo Coelho (2012, p.07) “semearam nossa
existência”.
DADOS GERAIS DA PRAÇA FREI RAIMUNDO SIMONETTO
Localizada bem
no centro de Santa Rosa do Sul, a Praça Frei Raimundo Simonetto foi construído
ao redor da Igreja Matriz Santa Rosa de Lima, é um espaço que contém 2.327
metros quadrados, com as coordenadas geográficas: Latitude 29° 8'12.34"S e Longitude
49°42'59.89"O, estando entre as ruas Alberto Trajano (frente), Alfredo
Emerim (direita), Manoel Trajano (esquerda) e Alfredo Teixeira (atrás da
igreja), sendo todas elas pavimentadas em perfeito estado de conservação, além
de duas placas sinalizando o nome da praça, um estando na frente do salão
paroquial e outra na frente da Farmácia União.
A praça tem o espaço cheio de árvores,
com espaços onde existem gramados e um pequeno espaço de plantação de flores,
que deixando o ambiente mais aconchegante, além de ter 1.482 metros quadrados
de lajotas nos corredores internos, 742 metros quadrados de lajotas nos
passeios externos e 960 metros quadros de meio fio, segundo a planta feita pela
Prefeitura Municipal (vide em anexos). Ao redor da praça, observam-se inúmeras
construções, o Salão Paroquial, a Casa Paroquial e a Secretária Paroquial, além
de residências de moradores e prédios comerciais, seguindo o modelo das cidades
brasileiras colonizadas por açorianos e portugueses, o qual a cidade surge ao
redor de uma igreja, mantendo aquele ar aconchegante e nostálgico de munícipio
do interior. Anexo à praça, existe inúmeros bancos, onde as pessoas se sentam
para descansar ou simplesmente para conversar com os amigos e uma acadêmica ao
ar livre, inaugurada em 2012, a qual é possível fazer de forma gratuita
exercícios físicos, havendo equipamentos próprios para a realização desse tipo
de atividade.
Em 2014, durante a realização do Natal
Iluminado em dezembro, foram inaugurados fortes refletores de luz posicionados
na praça e nas torres da igreja, que iluminam toda a igreja durante a noite,
causando um efeito luminoso belíssimo, podendo ser observado de longa distância
na BR 101 ou de outras partes do munícipio, tornando-se um cartão postal de
Santa Rosa do Sul.
QUEM É FREI RAIMUNDO SIMONETTO?
Nascido no dia 02 de fevereiro de
1925, Frei Raimundo Simonetto é natural da cidade gaúcha de Veranópolis, filho
de João Simonetto e Paulina Fracaro, em 1937, ingressou no seminário, sendo
ordenado sacerdote em 1951, trabalhou em diversas paróquias como Caxias do Sul,
Porto Alegre, Bagé, Praia Grande-SC, Lagoa Vermelha e Birigui-SP, além de
exercer funções como professor, diretor de uma editora de livros, diretor de
rádio, diretor e administrador de um hospital.
Chegou a Santa Rosa do Sul no dia 12
de abril de 1970, a pedido da população que desejava um padre fixo, tendo a
influente ajuda do padre João Adão Reitz pároco que atendeu o centro e as
comunidades do interior de Santa Rosa do Sul por 32 anos (COELHO, 2012 pgs.
55-56), dando início à evolução social e religiosa do lugar, que na época ainda
era distrito do munícipio de Sombrio. No período que ficou em Santa Rosa do
Sul, Frei Raimundo Simonetto foi responsável pela construção do atual salão
paroquial, que segundo Coelho (2012, p. 55), teve auxílio financeiro de
“missionários alemães que estavam no Brasil e intermediaram a doação de 60% dos
recursos necessários para a construção da obra”. Mesmo com essa ajuda vinda de
fora, o frei manteve isso em segredo, como relatou o senhor Manoel Cabral,
porque “o pessoal daqui ia parar de ajudar” (COELHO, 2012, p.59), mas depois
foi anunciado ao povo o que estava acontecendo e a obra transcorreu
tranquilamente.
Além do novo salão paroquial, o frei
iniciou o processo que levaria a pequena capela a se transformar em Curato, que
segundo Machado (2007, pgs. 23-24) é “uma semântica canônica que prenuncia o
advento próximo de uma paróquia”, durando até o dia 18 de janeiro de 1976,
quando frei Raimundo terminou seu trabalho pastoral, sendo substituído pelo
Frei Nadir José Segala, o qual deu sequência daquilo que o frei anterior estava
trabalhando, culminando com a criação da paróquia Santa Rosa de Lima, no dia 15
de fevereiro de 1976. Mesmo sendo uma pessoa aparentemente forte e saudável,
quando estava trabalhando na paróquia de Praia Grande, acabou adoecendo e
hospitalizado, vindo a falecer no dia 15 de dezembro de 1988, na cidade de
Caxias do sul, em decorrência de um câncer fulminante, sendo enterrado no
Cemitério da cidade de Vila Flores no Rio Grande do Sul.
Graças a seu trabalho pastoral, o qual muitos
moradores antigos lembram com bastante saudosismo, Frei Raimundo Simonetto foi
homenageado em Santa Rosa do Sul através da escola da comunidade de Vila Nova,
uma rua do centro e a praça da igreja matriz, recebem o seu nome, sendo de
certa forma, um reconhecimento mesmo que póstumo pelo aquilo que ele fez no
munícipio.
INAUGURAÇÃO DA CAPELA E EVOLUÇÃO URBANA
Mesmo o formato atual do espaço só surgiu a
partir da década de 1970, anteriormente o local onde hoje é a Praça Frei
Raimundo foi palco de acontecimentos históricos, de divertidas estórias e de
momentos que ficaram na memória dos moradores, sendo tema recorrente nas rodas
de conversa, principalmente aos mais idosos, sendo fácil de perceber o brilho
nos olhos quando se pergunta algo sobre o passado ou sobre o que faziam em sua
juventude nos fins de semana. Como a História
da praça está totalmente ligada com o surgimento da igreja na antiga vila de
Santa Rosa, um dos primeiros acontecimentos que envolvem o espaço onde hoje é a
praça relatada pela historiografia local foi a inauguração da antiga capela, a
qual era feita de madeira, inaugurada na década de 1930. Posteriormente foi
construída uma de alvenaria, a qual era virada para a serra, depois na década
de 1980, foi construída ainda outra, virada para a praça, formato que permanece
até hoje. Anteriormente, quando ainda a vila era chamada de Morro das Mortes [1]ou
de Três Alfredos[2],
em 1928, foi decidido a construir uma capela e também escolher como
padroeira Santa Rosa de Lima, que segundo Pereira (1972, p. 101) foi escolhida
“em homenagem à família mais importante da localidade, a família de Teixeira da
Rosa”.
Concluída em 1932, a inauguração
aconteceu no dia 30 de agosto daquele mesmo ano, quando também chegou a imagem
da padroeira Santa Rosa de Lima. Segundo Reitz (1948, p. 71), “a festa foi
abrilhantada com uma banda de música e muitos fogos. A procissão foi imponente.
As mais de mil pessoas quando passavam pela baixada da sanga, davam um aspecto
imponente nunca dantes visto em Santa Rosa”. A partir daí, a vila passou a ser
chamada de Santa Rosa.
Nessa época, a vila era pequena, havia
poucas residências no centro, um pequeno centro comercial, havendo ainda muita
mata virgem ao redor, além do terreno onde hoje é a praça pertencer a Alfredo
Teixeira da Rosa, conforme o depoimento de João Teixeira da Rosa concedeu ao
padre João Lenoir Dall’Alba
(1997, pgs. 431- 432), dando a entender que o progresso no lugar foi lento,
como também relatou Reitz (1948, pgs. 70-71) , permanecendo assim até meados da
década de 1950, quando Santa Rosa deixou de ser vila e passou a ser distrito de
Sombrio em 1956.
Somente com a construção da BR 101 no fim da década de 1960, que o
lugar deu um grande salto urbanístico, possibilitando a vinda de inúmeras
famílias de fora, impulsionando o setor de construção civil e também gerando o
movimento de emancipação, o qual ficou forte no fim dos anos 1980, conquistando
a emancipação do munícipio no dia 04 de janeiro de 1988, quando passou a ser
chamado de Santa Rosa do Sul, sendo a Praça Frei Raimundo ponto de encontro das
reuniões e também da festa por essa grande conquista.
CINE
EMERIM E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS NA ANTIGA PRAÇA
Santa Rosa do
Sul no passado, a juventude foi por muito tempo ativa e gostava bastante de
frequentar a praça, na intenção de participar de atividades culturais ou de
simplesmente para ir encontrar os amigos, era a época onde os bailes, as
domingueiras, partidas de futebol e as festas de igreja eram as diversões
preferidas dos jovens que viviam nessa terra, além de se deslocar para outros
lugares quando aconteciam esses tipos de coisas.
Outra grande diversão que marcou bastante a juventude sul
santarosense foram as sessões de cinema que aconteciam no antigo salão
paroquial ou nos arreadores da praça, atraindo uma multidão, que segundo Amaury
Trevisol, “não tinha o que divertir o pessoal, era a única coisa quando
aparecia, iam, igual a circo pequeno, para rir, para sair do anonimato, do
ostracismo”[3].
Naquela época, a passagem de cinemas itinerantes era constante na
região, sempre trazendo filmes diferentes para o público, sendo na grande
maioria das vezes do gênero faroeste ou comédias como as de Charles Chaplin,
Três Patetas, Gordo e o Magro, Oscarito, Mazaroppi e do Jeca Tatu.
Dona de uma máquina de projeção de filmes, a família Emerim era
responsável por sessões de cinema, as quais eram realizadas na residência do
falecido José Emerim ou no antigo salão paroquial no centro e também levavam o
equipamento para projetar filmes nas comunidades do interior, ficando conhecido
carinhosamente como Cine Emerim,
ainda continua sendo lembradas por muitos moradores.
Como relatou Amaury Trevisol, existiam pessoas que participavam
das sessões tanto as que aconteciam na praça ou estavam juntos nas caravanas
até o interior, sempre ajudando na bilheteria ou no transporte dos
equipamentos, como João Anão, Fontoura, Nado, muitos deles já são falecidos,
mas suas estórias continuam ainda vivas na memória do povo sul santarosense.
Além dos bailes, domingueiras, festas religiosas e das sessões de
cinema, outra atividade cultural bastante comum na Praça Frei Raimundo eram as
Festas Juninas, que segundo Cardoso Pereira (2015, p. 06) são “bastante
populares há bastante tempo, realizadas pelas escolas, instituições, igrejas e,
em algumas ocasiões, pela prefeitura municipal, sempre atraindo um grande
público”. Essas festas sempre tinham comidas típicas, fogueiras, brincadeiras e
muita música, porém hoje são realizadas no salão paroquial, em centros de
eventos particulares ou nas escolas, continuando ainda com alguns elementos das
antigas quermesses juninas.
Também fazia muito sucesso as manifestações culturais na praça
eram os festivais de folclore, as brincadeiras entrudes, serenatas e principalmente
os Ternos de Reis, os quais mobilizavam toda a comunidade, indo de casa em
casa, fazendo homenagens, improvisando versos. Dos muitos cantores de Terno de
Reis que tinham em Santa Rosa do Sul, os mais conhecidos e citados pela
população são os senhores Mane Zeca, Marcílio Cristovão e João Lídia.
Manifestação folclórica oriunda da cultura açoriana, o Terno de
Reis, ocorre entre o Natal (25 de dezembro) até o dia 06 de janeiro, celebrando
o nascimento de Jesus cristo e a visita dos Três Reis Magos, estando presente
em toda extensão do litoral catarinense, podendo ter outras motivações como
aniversários ou pela passagem de ano.
Segundo Farias (2000, p. 252), “tem motivação de fundo
religioso-profano”.
MANIFESTAÇÕES
CULTURAIS E RELIGIOSAS NA PRAÇA ATUALMENTE
Com o surgimento de outras formas de
diversões e ter um calendário de festas bastante diversificado na região, a
Praça Frei Raimundo Simonetto continua a ser palco de grandes eventos, na
grande maioria feita por iniciativa da Igreja Católica, algumas vezes pela
prefeitura e outras por instituições do munícipio. Entre os eventos que são
realizados nesse espaço e tem grande representatividade são:
FESTA DA PADROEIRA SANTA ROSA DE LIMA (FESTA DE AGOSTO)
Acontece sempre no fim de semana que
antecede ou que segue o dia 23 de agosto, é uma festa bastante tradicional, que
acontece desde 1932, mantendo suas características principais até hoje, na
véspera com a translado da imagem de Santa Rosa de Lima da casa do festeiro
acompanhada com banda de música até a igreja sendo recebida na praça com show
pirotécnico, após missa e terminando com o bazar dançante; O domingo de festa tem
missa festiva pela manhã com procissão da imagem da santa pelas ruas da cidade,
após almoço festivo e a tarde domingueira, leilão de animais e anuncio dos
festeiros do próximo ano.
CARREATA EM HONRA A SÃO CRISTOVÃO
Organizada pelos caminhoneiros de Santa
Rosa do Sul no fim do mês de julho, a carreata inicia na Praça Frei Raimundo
Simonetto, os motoristas fazem o translado da imagem de São Cristovão até a
comunidade em que recebe o nome do santo (Vila São Cristovão) em comitiva,
buzinando e soltando fogos, sendo abertura a festa daquela comunidade,
encerrando com a missa e bazar.
SEMANA SANTA E CORPUS CHRISTI
Iniciada no Domingo de Ramos, a Semana
Santa é celebrada através de vários rituais típicos da liturgia católica,
havendo momentos de celebração dentro da igreja, outros acontecem na praça,
como a procissão de Ramos, encenação da Paixão de Cristo, a Procissão do Senhor
Morto e o Rito do Fogo Novo no Sábado de Aleluia, simbolizando a Páscoa e a
ressurreição de Jesus Cristo.
Corpus Christi ocorre sessenta dais
depois do Domingo de Páscoa, fazendo alusão à instituição da Eucaristia por
Jesus na Quinta Feira Santa. Em Santa Rosa do Sul, seguindo a tradição da
cultura açoriana, costumam-se fazer os tradicionais tapetes na praça onde
passará a procissão durante a missa solene, todos confeccionados com materiais
como serragem, pó de café, farinha e outros, representando figuras religiosas
ou da cultura do munícipio, dependo da criatividade de cada grupo que faz,
sendo verdadeiras obras de arte.
LARGADA DA TRILHA DA MATA
Figura 6: Largada da4ª Trilha da Mata, 2015.
Fonte: Andrio Cardoso Pereira.
Evento bastante popular em Santa Rosa
do Sul que acontece desde 2011, a Trilha da Mata é a primeira iniciativa de
esporte radical e também de ecoturismo no munícipio, atraindo centenas de
pilotos de MotoCross vindos de várias cidades de Santa Catarina e do Rio Grande
do Sul, sendo a praça o ponto de encontro de todos, onde é feito a contração,
passado os recados, a oração e a emocionante largada fazendo bastante barulho,
onde os trilheiros seguem para as comunidades do interior, depois retornando
para almoçar e festejar a paixão pela velocidade e pelo MotoCross, reunindo
milhares de pessoas pelas ruas da cidade, sendo um grande sucesso a cada nova
edição.
FESTA DO POLVILHO E DA BANANA (POLVILHANA)
Maior festa cultural do munícipio de
Santa Rosa do Sul, a Festa do Polvilho e da Banana, carinhosamente chamada de Polvilhana, ocorre desde 2005, sendo
feita entre os meses de junho e julho, acontecendo de dois em dois anos,
atraindo uma grande multidão vinda de várias partes do estado e do Rio Grande
do Sul.
O nome da festa faz alusão direta aos
dois principais produtos produzidos no munícipio, o polvilho e a banana, é uma
homenagem ao agricultor de Santa Rosa do Sul, que com seu suor e trabalho,
alavanca a economia do munícipio, além de contar a sua origem e demonstrar a
cultura típica do interior catarinense. Desde a primeira edição da festa,
segundo a Prefeitura Municipal (2015, p.05), “as tradições, os valores e a
identidade local puderam ser sentidas no aspecto decorativo, na gastronomia e
no jeito particular de receber cada visitante na cidade”.
Sendo uma festa que valoriza o
trabalho o agricultor e sua cultura, a Polvilhana traz uma série de atrações
para todos os públicos, desde exposições temáticas, shows musicais,
apresentações folclóricas, concurso da rainha e princesas, festivais de música,
noites especiais para o público católico e evangélico, práticas esportivas,
brincadeiras que fazem alusão à vida do agricultor e um grandioso desfile
temático com carros de boi, máquinas agrícolas, giricos, tobatas e cavalaria,
mostrando um pouco da História e da cultura de Santa Rosa do Sul e também da
região.
Realizada seis edições na Praça Frei
Raimundo Simonetto, a festa abriga uma enorme estrutura que aproveitava ao
máximo todo o espaço da praça e também do salão paroquial, sendo montados
barracões, palcos, praças de alimentação e stands para exposições, sendo de
fácil acesso ao visitante.
Futuramente, a Polvilhana deixará de ser
realizada na praça, passará a ser realizada no Parque Municipal de Eventos,
próximo a Lagoa de Sombrio, que se encontra atualmente em construção, onde será
montada uma grandiosa estrutura para a realização dessa festa e de outros
eventos do munícipio.
NATAL ILUMINADO
Realizado durante o mês de dezembro, o
Natal iluminado é um evento organizado pela Prefeitura Municipal em conjunto
com a Igreja Católica e as igrejas evangélicas, em alusão as festas de fim de
ano, em especial o Natal, maior festa da Cristianismo, o qual celebra o
nascimento de Jesus Cristo.
Sendo montando toda a estrutura na
Praça Frei Raimundo Simonetto, que também recebe uma decoração bastante
especial, cheia de luzes, com presépios e cenários que lembram as temáticas
natalinas, o Natal Iluminado é uma ação conjunta entre a Prefeitura Municipal,
Igreja Católica, as igrejas ou congregações evangélicas, instituições
municipais como o CDL, as escolas e movimentos sociais de Santa Rosa do Sul.
Misturando religiosidade, cultura,
entretenimento, turismo e assistência social, o Natal Iluminado tem como
atrações além dos cenários e luzes, shows musicais, espetáculos de teatro,
distribuição de presentes e doces para as crianças, sorteio de presentes
especiais, shows pirotécnicos, cantoria de Terno de Reis, cantata feito pela
orquestra da Igreja Batista Betel Conservadora, desfile do Papai Noel,
apresentações de talentos locais, sendo um evento totalmente voltado para as
famílias de Santa Rosa do Sul, tendo como fundo o belo espírito natalino.
A IMPORTÂNCIA DA PRAÇA FREI RAIMUNDO SIMONETTO PARA A PRESERVAÇÃO
DA CULTURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA DE SANTA ROSA DO SUL
Havendo poucas fontes disponíveis que
falem sobre a praça, sabemos o quanto esse espaço tem importância para Santa
Rosa do Sul, tanto no sentido histórico como cultural, é sempre citado pelos
moradores mais antigos, tanto de forma direta ou indireta, a sensação de
nostalgia é forte e constante, mas também de indignação, devido a juventude não
frequentar esse espaço com tanta frequência, como era no passado, chegando o
centro a ficar vazio, silencioso, sem vida, sendo raras as vezes que tem alguém
por lá, com exceção dos horários de missa, quando é possível ver uma grande
concentração de pessoas na praça.
Mesmo tendo essa visão bastante crítica em relação o atual estado
da praça, a grande maioria dos moradores considera aquele espaço importante e
quer ver aquele espaço ser mais frequentado, que seja feitas mais atividades
culturais além daquelas que foram citadas acima e que a praça ganhem uma nova
revitalização, facilitando ainda mais o acesso dos frequentadores.
Além da questão de entretenimento e de acessibilidade, outro fator
importante e perceptível entre os sul santarosenses em relação a praça é a
memória, todo mundo tem algum estória para contar que aconteceu nesse espaço,
do mais idoso até o mais jovem, seja as antigas festas, eventos culturais
atuais, começo de um namoro, fatos históricos, momentos de lazer com os amigos
ou de tragédias, como foi o caso do Furacão Catarina, que devastou a cidade no
dia 28 de março de 2004, causando enorme
destruição na praça, derrubando arvores, postes de energia, destelhando a
igreja e casas ao redor, uma cena extremamente chocante e que ficou marcado na
memória coletiva de Santa Rosa do Sul.
Conforme o pensamento de Le Goff
(1996, p. 447), “a memória, onde cresce a história, que por sua vez alimenta,
procura salvar o passado para servir o presente e o futuro”, não
podemos separar um dos outro, vivem juntas, sendo fundamental para
compreendermos os processos históricos e culturais de nossa época e do lugar
onde vivemos mais especificamente do caso desse estudo.
Outra questão bastante presente, porém de forma indireta, é a
questão patrimonial, visto que o sul santarosenses consideram patrimônio, além
do meio ambiente e da igreja, a Praça Frei Raimundo Simonetto é considerado um
bem que precisa ser preservado, pois nas proximidades foi construída a primeira
igreja, viveram os primeiros moradores, onde teve os centros comercais mais
antigos, enfim, toda uma questão histórica e cultural de ligação entre o espaço
e os moradores, por isso merece ser patrimonializado, representa a identidade
do povo de Santa Rosa do Sul.
Patrimônio é uma palavra de origem
latina patrimonium (patri= pai + monium= recebido), significa
herança, é usada em diversas áreas do conhecimento, como o Direito e
Contabilidade, mas principalmente a História e Cultura usam o muito o termo,
pode ser entendido como conjunto de bens considerados de interesse relevante
para a cultura de um povo e possua valor significante a uma coletividade
(estado, país, região ou munícipio), sendo necessárias ações sócio-educativas e
culturais, chamadas de Educação Patrimonial e Cultural, que envolvam
todas as pessoas que vive no determinado local onde se pretende realizar essas
intervenções, o qual tem que ser permanente e exercitada diariamente, sendo a
Praça Frei Raimundo um exemplo típico de patrimônio existente em Santa Rosa do
Sul.
Revendo essas
estórias e todas essas manifestações culturais presentes na praça, podemos
perceber que ela é um patrimônio cultural,
conforme o pensamento de Vogt (2008) e um lugar
de memória, conforme Nora (1993), pois representa toda a identidade, a
História do munícipio de Santa Rosa do Sul, tendo um valor simbólico imenso,
tanto no sentido histórico como religioso, portanto um lugar para ser
preservado não somente no sentido físico, mas também na questão
historiográfica, e cabe todo o sul santarosense cuidar desse bem que sempre
trouxe alegrias, boas lembranças a todos e também momentos de lazer, pois como
dizia o poeta Castro Alves, a praça é do povo, como o céu é do condor.
CONCLUSÃO
Muitos aspectos
foram apresentados nesse estudo de caso sobre a Praça Frei Raimundo Simonetto.
Foi perceptível ao longo da pesquisa o que a população de Santa Rosa do Sul
tem uma ligação forte com esse
patrimônio, seja por questão de boas
lembranças ou pelo simples fato de estar localizado bem no centro do munícipio,
sendo bastante acessível, um verdadeiro ponto de encontro e um lugar de
passagem de pessoas, aonde as pessoas param para sentar, conversar ou para se
divertir, especialmente a juventude, que gosta muito de usar a praça para andar
de skate ou de bicicleta.
A primeira
parte da pesquisa falou sobre o que é uma praça, qual a importância que ela tem
para uma cidade, tanto no sentido histórico como social, político e cultural,
os problemas que elas passam atualmente e o porquê a praça do centro de Santa
Rosa do Sul esse merece ser patrimonializado (tombado), por simbolizar a
identidade cultura do povo, além de descrever os métodos utilizados durante a
pesquisa.
Partindo para o
lado descritivo e geográfico, a segunda parte apresentou alguns dados gerais
sobre a praça, onde ela está localizada, o que tem naquele espaço, como as
pessoas utilizam aquele espaço, o formato colonial que esse espaço tem
(açoriano) e a inauguração das luzes noturnas das torres da Igreja no Natal de
2014, as quais deram uma beleza única, virando cartão postal de Santa Rosa do
Sul.
Trazendo fatos
novos e já bem conhecidos da população sul santarosense, a terceira parte contou
um pouco da trajetória do Frei Raimundo Simonetto, personagem importante da
história do munícipio, que leva o nome da praça, como ele chegou a Santa Rosa
do Sul, qual trabalho pastoral que ele fez e qual contribuição dele para a
transformação da capela em paróquia na década de 1970.
Usando da
historiografia regional existente e de alguns depoimentos dados pelo morador
Amaury Trevisol, o qual autorizou para o uso dessa pesquisa, a quarta parte
relatou acontecimentos históricos, eventos religiosos e manifestações culturais
que aconteceram na praça desde a década de 1930 até meados da década de 1980,
além de apresentar um pouco da evolução urbanísticas do centro ocorrida a
partir da década de 1960 e a concretização da emancipação política no fim da
década de 1980.
Chegando aos
dias atuais, a quinta parte trouxe alguns dos eventos que acontecem na Praça
Frei Raimundo Simonetto todos os anos, sejam eles de caráter religioso ou
cultural, fazendo parte do calendário de eventos do munícipio e representam a
identidade de toda a população de Santa Rosa do Sul.
Partindo para
uma análise crítica, a sexta e última parte desse trabalho busca analisar o
porquê a Praça frei Raimundo Simonetto é um patrimônio cultural e porque merece
ser preservado por cada morador, usando das premissas que é um lugar onde todos
têm recordações e por ser um ponto de encontro no centro da cidade, é um
verdadeiro cartão de visitas de Santa Rosa do Sul.
No decorrer da
pesquisa, aprendemos um pouco mais sobre a História e a cultura de Santa Rosa
do Sul, principalmente a da Praça Frei Raimundo, a valorizar mais o que temos
no lugar onde vivemos saber aproveitar ao máximo o espaço disponível de forma
positiva e buscar apoiar, seja divulgando e participando ativamente, todos os
eventos que acontecem na cidade, seja eles na praça ou em outros espaços.
Gostaríamos de sugerir aos estudantes e
pesquisadores que vivem em Santa Rosa do Sul, realizar mais pesquisas sobre a
História, cultura e patrimônios do munícipio, pois temos poucos trabalhos
publicados sobre temas locais; as autoridades competentes que cuidem bem da
praça (tombamento) e de outros patrimônios existentes em nosso munícipio, façam
mais eventos, tragam o povo para esses ambientes, e a população em geral, que
prestem mais atenção na praça, ajudem a cuidar, aproveitem ao máximo para usar
ela sem degradar o ambiente que ela está inserida e também ajudem a preservar
outros espaços que temos disponíveis em nosso munícipio, eles fazem parte de
nossa identidade e merece toda nossa atenção, pois um homem sem conhecimento de
sua História, cultura e origens, acaba não tendo identificação com o lugar onde
vive, precisamos divulgar, participar e de se orgulhar daquilo que somos e
temos, seja pessoalmente, pelos meios digitais, enfim existe inúmeras maneiras
de fazermos as coisas realmente aconteceram, só assim podemos fazer uma cidade
melhor para as próximas gerações, é uma missão que cabe a cada morador dessa
alegre e acolhedora cidade.
REFERÊNCIAS
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das festas juninas. Jornal Amorim, Sombrio, SC, nº 4060, pg. 06, 09 de
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COELHO, Rolando Christian Sant’Helena. Santa Rosa do Sul Raízes. Sombrio, SC:
Editora Sul Gráfica, 2012.
DALL’ALBA, João Lenoir. Histórias do Grande Araranguá. Araranguá:
Orion, 1997.
FARIAS, Vilson Francisco
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LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. São
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Acesso em 02 de agosto de 2015.
ENTREVISTADO
TREVISOL, Amaury. Entrevistado no dia 28 de julho
de 2015.
[1]
Referência aos assassinatos que aconteceram durante a Revolução Federalista
(1893-1895) no morro onde fica hoje a Prefeitura Municipal de Santa Rosa do
Sul. (Nota do autor).
[2]
Referência aos chefes das famílias Emerim, Teixeira da Rosa e Santos, cujos
nomes eram Alfredo. (Nota do autor)
[3] Entrevistado dia 28 de julho de 2015,
residente no centro de Santa Rosa do Sul, com 50 anos. (Nota do autor)
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