segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A MÚSICA E A HISTÓRIA: VELHA CHICA- WALDEMAR BASTOS (PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: DULCE PONTES)


Olá caros leitores, tudo bem com vocês?


Cantor que une influências musicais do pop africana, fado português e música brasileira, Waldemar Bastos é uma referência obrigatória quando se fala em música angolana, trazendo ao ouvinte uma sonoridade bastante peculiar e emotiva, expressando toda a vasta musicalidade de Angola e de todo o continente africano, fazendo muito sucesso em países de língua portuguesa, especialmente em Portugal.
 As músicas cantadas por Waldemar Bastos falam da dura realidade vivida por Angola, que vive sendo assolada por décadas com violentas guerras civis, fome e pobreza extrema, expressando a dor e indignação do povo angolano. Além das letras de protesto, as canções de Waldemar Bastos também falam das antigas tradições angolanas e africanas, da alegria de viver e contam a História de seu povo, com ritmos mais animados e contagiantes.
 A canção Velha Chica foi lançada em 1999, faz parte do álbum Primeiro Canto, feito em colaboração da cantora portuguesa Dulce Pontes, sendo um momento inesquecível na carreira de ambos. De forma bastante emotiva, a música conta a estória de uma idosa, remetendo a situação social de Angola e o desejo dela de ver a paz em seu país e no mundo, sendo uma forte crítica a política local. Acima está uma apresentação de Waldemar Bastos junto com Dulce Pontes ao vivo feita especialmente para uma emissora televisão portuguesa, muito bonita, merece ser assistido. Abaixo está a letra original da música, confiram. Um grande abraço, uma boa semana, tudo de bom, ATÉ A PRÓXIMA.



VELHA CHICA

 Antigamente a velha chica
vendia cola e gengibre
e lá pela tarde ela lavava a roupa
do patrão importante;
e nós os miúdos lá da escola
perguntávamos à vóvó Chica
qual era a razão daquela pobreza,
daquele nosso sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

Mas a velha Chica embrulhada nos pensamentos,
ela sabia, mas não dizia a razão daquele sofrimento.
Xé menino, não fala política,
não fala política, não fala política.

E o tempo passou e a velha Chica, só mais velha ficou.
Ela somente fez uma kubata com teto de zinco, com teto de zinco.
Xé menino, não fala política, não fala política.

Mas quem vê agora
o rosto daquela senhora, daquela senhora,
só vê as rugas do sofrimento, do sofrimento, do sofrimento!
E ela agora só diz:
"- Xé menino, quando eu morrer, quero ver Angola viver em paz!
Xé menino, quando morrer, quero ver Angola e o Mundo em paz!"

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